7 Pontos chave para auxiliar na escolha do cabo óptico Drop

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O grande crescimento da implantação de redes FTTx-FTTH no Brasil tem impulsionado o mercado dos cabos ópticos do tipo Drop. Como representam uma importante parte do custo de ativação do cliente, temos observado um grande número de Provedores de Internet optando por utilizar cabos drop de menor preço sem, entretanto, se preocupar com aspectos da sua qualidade e durabilidade.

Eu ousaria dizer que existe uma grande quantidade de cabos Drop no mercado que não atendem minimamente estes aspectos, causando problemas aos Provedores, que acabam enfrentando um elevado custo operacional e/ou re-investimentos para substituí-los. A seleção natural irá ocorrer com o tempo, separando e eliminando os produtos e fornecedores sem qualidade. Mas serão alguns Provedores, seduzidos e enganados pelo “canto da sereia” da pseudo economia no investimento, a pagarem a conta. Quem não quiser fazer parte deste grupo, cabe entender como separar o “Joio do Trigo”, avaliando a qualidade do produto e do fornecedor.

A aplicação dos Cabos Drop

Os cabos ópticos Drop foram desenvolvidos com a finalidade de interligar o equipamento que está no cliente ao ponto de acesso à rede, onde normalmente se utiliza uma caixa de terminação óptica (CTO). Para isto é desejável que o cabo Drop possua um conjunto de características que buscam facilitar a sua instalação, bem como atribuir qualidade e estabilidade da conexão no longo prazo. Podemos citar algumas destas características dos cabos Drop, tais como:

• Pequenas dimensões e baixo peso.
• Resistência mecânica adequada ao vão máximo de instalação, por exemplo, 80m.
• Resistência adequada às solicitações físicas, químicas, ambientais, etc.
• Facilidade de manuseio e acesso a(s) fibra(s) óptica(s).
• Facilidade de preparação das pontas para fusão e/ou conectorização em campo.
• Facilidade e eficácia na ancoragem nos postes.
• Facilidade de passagem por dutos e conduites.
• Proteção adequada à propagação da chama.
• Etc.

Existe uma enorme gama de tipos e desenhos de cabos Drop no mercado mundial e nacional, sendo que cada um possui suas características específicas, vantagens e desvantagens. Veja alguns exemplos destes cabos Drop na figura a seguir.

Tipos Drop

Exemplos de cabos ópticos Drop mais comuns

Importante sempre lembrar que cabos Drop não devem ser utilizados para se construir a rede de alimentação e distribuição, como tem sido praticado por alguns Provedores. Seu comprimento típico de instalação, ditado pelas boas práticas de engenharia de redes, deve ser da ordem de 50 a 150m. São tolerados acessos com comprimentos maiores, até uns 300-400m, mas devem ser minimizados ou evitados.

O Drop Óptico Compacto

Dentre todos os tipos de Drop, um modelo vem dominando o mercado internacional e nacional e é o cabo Drop Flat Compacto. Este cabo Drop foi inicialmente desenvolvido e patenteado pelos laboratórios da NTT – Nippon Telegraph and Telephone no Japão, para atender a sua própria demanda. Entretanto, devido suas interessantes características e custo/benefício, o modelo se espalhou pelo mundo, sendo que a NTT permitiu a fabricação por outras empresas fora do Japão.

A partir de então uma enorme quantidade de fabricantes começou a fabricar e comercializar este produto em diversas partes do mundo. Neste cenário surgiram empresas com produtos de boa a excelente qualidade, mas também muitos fabricantes com cabos de baixa a péssima qualidade.

Drop Compacto

Cabo óptico Drop Flat Compacto

No Brasil, a Anatel, em conjunto com todos os players do mercado, definiu os requisitos mínimos para este drop, uma vez que não existia Norma ABNT/NBR. Eles estão publicados nos “Requisitos Técnicos e Procedimentos de Ensaios Aplicáveis à Certificação de Produtos para Telecomunicações de Categoria I”. A descrição deste cabo Drop é a seguinte:

CFOAC-X-W-Z-CA-K,  onde:

  • CFOAC = Cabo de fibras ópticas de acesso
  • X = Tipo de fibra óptica
  • W = CM compacto metálico ou CD compacto dielétrico
  • Z = Número de fibras ópticas
  • CA = Classe de atrito, que pode ser: CO convencional ou AR atrito reduzido
  • K = Grau de proteção frente à chama: COG, COP, COR ou LSZH

Os pontos chave para auxiliar na escolha do cabo Drop Flat

A escolha de um cabo Drop Flat Compacto e sua marca pode ser feita seguindo-se alguns critérios relativamente simples. Como já dissemos, a qualidade, confiabilidade e durabilidade deste produto é chave para o custo operacional do Provedor e para o valor da sua rede. A seguir são indicados sete pontos chave que podem auxiliar nesta escolha.

1. Tipo de fibra óptica

 Os cabos Drop Flat podem ser fabricados com as fibras óptica monomodo, que são as fibras do padrão ITU-T G.652 (Monomodo Standard) e ITU-T G.657 (BLI – Bend Loss Insensitive) ou fibra de baixa sensibilidade a curvaturas. O mais comum e recomendado são as fibras do padrão ITU-T G.657 A/B, que são fibras que podem ser submetidas a pequenas curvaturas sem ocorrer acréscimos relevantes de atenuação. Com isto os cabos drop ficam bem menos susceptíveis a aumentos de atenuação quando instalados em dutos, galerias, etc. muito congestionados e com pequenas curvas.

Entretanto, um problema que pode ocorrer e que já foi reportado por Provedores, foi constatar-se que a fibra do cabo drop não era a fibra indicada na gravação do cabo, que seria G.657 A/B. O cabo Drop foi submetido ao teste de curvatura e não se constatou o desempenho esperado, ocorrendo aumento de atenuação. Provavelmente foi utilizada uma fibra monomodo standard G.652 ao invés da fibra G.657, por ser uma fibra mais barata, barateando o preço do cabo.

2. Elementos Metálicos, Dielétricos ou Misto?

 Existem três possibilidades de fabricação dos cabos drop flat compacto com relação aos elementos de sustentação utilizados. Normalmente se utilizam fios de aço de elevada resistência mecânica e/ou bastões dielétricos denominados de FRP- Fiber Reinforcement Plastic ou bastão de fibra de vidro com resina. Na tabela abaixo são indicadas as combinações possíveis:

Elementos

Fio de ancoragem (mensageiro)

Fios de sustentação do núcleo

Metálico (CM)

Aço

Aço

Dielétrico (CD)

FRP

FRP

Misto (??)

Aço

FRP

O mais usual são os drops com elementos metálicos (CM). Tipicamente utilizam o fio mensageiro de aço com diâmetro de 1,2mm e 0,4 mm para os fios de aço do núcleo. Alguns fabricantes utilizam o fio do mensageiro com 1,0mm, o que reduz seu custo mas também sua rigidez mecânica e resistência a tração.

Os cabos com elementos dielétricos (CD) também tem sido comercializados, mas tem apresentado vários problemas em campo. Apesar de serem bastante interessantes do ponto de vista elétrico, pois evitam problemas e riscos de interferências com a rede elétrica e com descargas atmosféricas, não possuem bom desempenho mecânico quando submetidos a esforços repetitivos de tração, compressão longitudinal, dobramento, etc. Eu particularmente não gosto desta solução, principalmente do ponto de vista da ancoragem do mensageiro. Ainda não vi nenhuma solução de ancoragem de qualidade aceitável que garanta durabilidade, sem que ocorram rupturas do FRP com a vibração do cabo, por exemplo.

Neste contexto, o cabo misto, isto é, utilizando-se mensageiro de aço e os dois bastões de FRP no núcleo, pode ser uma solução interessante. Todavia também já ouvi reclamações sobre a fragilidade da estrutura na hora de passar o drop no conduite, por exemplo.

3. Estabilidade mecânica da estrutura

A estabilidade mecânica da estrutura do cabo drop flat é chave, pois afeta diretamente sua instalação e desempenho, bem como a atenuação óptica da fibra. Esta estabilidade mecânica é conseguida através de:

  • Uso de materiais de elevada qualidade, tais como os fios de aço e o revestimento polimérico.
  • Geometria simétrica e balanceada.
  • Vinculo entre os fios de aço e o revestimento polimérico.

O vinculo entre o fio mensageiro de aço e o revestimento termoplástico é um dos pontos mais críticos neste cabo drop. Os produtos de boa qualidade são fabricados utilizando-se um adesivo sobre o fio de aço para garantir adesão ao revestimento polimérico. A simples extrusão do revestimento diretamente sobre o aço nu barateia o custo do produto, mas não promove tal adesão.

A falta de adesão do fio de aço pode provocar diversos problemas, tais como:

  • O cabo fica sem rigidez mecânica.
  • Pode ocorrer rasgamento do revestimento quando da separação do mensageiro.
  • Pode ocorrer rasgamento do revestimento no acessório de ancoragem com a tração do Drop.
  • Pode ocorrer a exposição do fio de aço que se separa do revestimento ao longo do tempo.

Para se verificar a adesão do revestimento no fio de aço mensageiro é muito simples. Basta utilizar um alicate de corte e descascar o fio de aço. Se o revestimento sair facilmente e não deixar resíduos sobre o fio, não tem adesivo. É possível também torcer o cabo e sentir se ocorrem estalos da estrutura, indicando falta de vinculo dos materiais.

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4. Geometria simétrica e balanceada

A falta de uma geometria equilibrada da estrutura provoca:

  • Dificuldade de abertura do núcleo para acessar a fibra.
  • Fibra colada ou solta demais.
  • Efeito mola do núcleo quando separado do mensageiro

Para se verificar a existência de problemas, basta realizar a abertura manual em algumas amostras de algumas bobinas e observar o que acontece. Um problema muito comum é a fibra estar colada ao revestimento. Quando se separa o núcleo para acessar a fibra, não se encontra a fibra. Também a fibra muito solta pode ser um problema na montagem do conector de campo, podendo ocorrer instabilidade da conexão com a movimentação do cabo drop.

5. Qualidade dos materiais

A baixa qualidade dos materiais, tais como dos fios de aço e do revestimento polimérico pode provocar:

  • Acabamento superficial de baixa qualidade – atrito elevado.
  • Comprometimento do desempenho frente à propagação da chama.
  • Degradação rápida a efeitos do UV e temperatura.
  • Oxidação e degradação dos fios de aço.

Uma observação bastante simples pode ser feita passando-se a mão sobre sua superfície e sentir a aspereza. Cabo Drop de boa qualidade apresenta normalmente uma superfície mais lisa e mais brilhante, independente se for de atrito normal ou reduzido. Cabos com materiais ruins são normalmente ásperos e opacos.

6. Coeficiente de Atrito

 O coeficiente de atrito do cabo drop é definido pelo tipo e qualidade do material de seu revestimento. São previstas duas possibilidades: atrito convencional (CO) e atrito reduzido (AR). Quanto menor for o coeficiente de atrito, maior será a facilidade de passar o drop pelos dutos e conduites, principalmente nas situações onde estejam congestionados e/ou apresentem muitas curvaturas.

Obviamente, os cabos com atrito reduzido custam mais caro do que os cabos com atrito convencional, pois os materiais e processos utilizados em sua fabricação são mais complexos.

Aqui entra novamente em jogo a avaliação do custo do investimento versus o custo operacional. Um drop de atrito reduzido pode ser instalado em menor tempo, o que certamente reduz o custo da mão de obra e aumenta a capacidade da equipe de realizar a alta de novos clientes. Realizar este cálculo pode mostrar que investir em um produto de melhor qualidade pode reduzir o custo global, além de garantir um maior valor futuro à rede.

7. Fornecedores com presença local e cabos com Certificação Anatel

A presença física do fornecedor no Brasil, com sua estrutura fabril, laboratorial e de assistência técnica pré e pós venda, é um fator extremamente importante a ser considerado na escolha do produto. Todavia, não é uma garantia absoluta de que o produto possua a qualidade desejada, mas pelo menos fica fácil contatar o fornecedor e reclamar sobre a qualidade do produto e serviços, caso ocorram problemas.

Cabos com certificação Anatel também representam uma garantia adicional da qualidade do produto, pois mostra que o mesmo foi aprovado em toda a ampla e severa bateria de testes e requisitos mínimos a que foi submetido. Todavia sabemos que também não é garantia absoluta, pois pode ocorrer do fornecedor certificar um produto “Premium” e depois vender um mais barato, que não passa nos testes. Parece ficção, mas temos visto que ocorre com freqüência. Apresentação1

 

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